A ponte completará 126 anos de existência em 2022. Também conhecida como “Ponte Velha”, ela foi inaugurada em 1896 e já enfrentou diversas enchentes, além da ação natural do tempo
Por muitos anos a Ponte Metálica de Rio Negro-PR e Mafra-SC, que faz a divisa entre os dois estados, ficou esquecida e aguardando melhorias.
As prefeituras não tinham recursos financeiros próprios para as obras de restauração e contavam tão somente com recursos dos governos estaduais. Mesmo com os detalhes técnicos e financeiros encaminhados diversas vezes, a ajuda dos governos dos dois estados ficou na promessa por anos.
- FIQUE LIGADO: Eu ainda farei uma publicação bem detalhada aqui no site sobre toda essa luta das prefeituras para conquistar verba para solucionar o problema da ponte. É uma “novela” grande! Até pedágio na “Ponte Nova” foi cogitado para conseguirem dinheiro para a restauração. Em breve publicarei sobre isso.
O texto do jornalista Abelardo Luiz de Oliveira, publicado em 1974, já demonstrava preocupação com relação ao estado de conservação da ponte, que naquela época tinha quase 80 anos e estava enferrujada e com os pisos apodrecidos. Ao longo da história, por várias vezes a ponte foi interditada pelas autoridades, pois apresentava perigo às pessoas.
Uma nova ponte foi inaugurada em 1969 (Ponte Interestadual Coronel Rodrigo Ajace, a popular “Ponte Nova”), mas a Ponte Metálica não podia ser deixada de lado e abandonada, esperando para cair sozinha com a ação do tempo, causando, eventualmente, uma tragédia.
Eu já li noticias da década de 80 e 90 citando pequenos incidentes na ponte. Pessoas que prenderam o pé na madeira apodrecida, por exemplo. Além de pregos que furavam os pneus dos carros. Certamente há muito mais incidentes na ponte que não foram registrados ao longo de todos os anos que ela ficou aguardando uma restauração.
No final dos anos 80 e início dos anos 90 havia uma preocupação ainda maior com relação ao precário estado de conversação da Ponte Metálica. Em 27 de junho de 1989 a Construtora Roca Ltda realizou uma inspeção na ponte e constatou que havia corrosão generalizada, tendo algumas peças perda total de secção. A Ponte Metálica precisava de uma obra de restauração urgente.
Nos anos 90 o assunto “restauração da Ponte Metálica” era manchete constante nos jornais locais, sempre com muita preocupação. A ponte estava interditada e com grandes possibilidades de cair ou então provocar uma tragédia.
- LEMBRANÇAS: Você se lembra de ter passado pela ponte quando a pista ainda era de madeira? Era emocionante!
Naquela época constantemente a imprensa local noticiava que a prefeitura de Rio Negro e de Mafra se reuniriam para uma vez por todas ser resolvido o problema da ponte. Com o passar do tempo os problemas se tornavam cada vez maiores.
Em 1990 a população em geral temia que a Ponte Metálica pudesse cair, já que naquele ano ela tinha 95 anos de existência e passou por diversas enchentes, além de sofrer com os impactados causados pela ação natural do tempo.
Até então nenhum trabalho grande de manutenção ou recuperação havia sido feito na ponte, exceto em 1950, quando o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) realizou a modificação dos estrados de madeira da Ponte Metálica. A ponte ficou desativada até 1952, quando foi reativada com estruturas metálicas.
Em abril de 1991 o Rotary Club de Rio Negro trouxe um especialista em pontes que elaborou um trabalho profundo e científico sobre a situação da Ponte Metálica naquele ano.
O engenheiro Amaro Furtado fez um relatório detalhado e explicou porque a histórica ponte nunca caiu, sendo que ela foi produzida há 96 anos (em 1991).
Segundo o engenheiro, a ponte nunca caiu por três motivos:
- Não estar situada no litoral.
- Não estar situada em região de atividade industrial intensa.
- Por ter sido construída com um tipo de aço belga de excepcional qualidade, que está entre os melhores elaborados no mundo em todos os tempos.
Ainda segundo o relatório do engenheiro, se a ponte tivesse sido construída no Brasil com aço normal e abandonada à própria sorte, em 10 anos teria caído sozinha.
Naquele ano, em 1991, o engenheiro alertava que essa situação da ponte não seria eterna, pois o nível de comprometimento de sua estrutura estava altamente crítico e exigia medidas urgentes.
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Em 1997 a ponte foi tombada pelas Secretarias de Cultura do Paraná e de Santa Catarina, bem como pelo município de Rio Negro como elemento a ser protegido permanentemente pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico.
Felizmente a histórica ponte nunca caiu e recebeu as tão aguardadas melhorias a partir de agosto de 1998, depois de ficar interditada por quase duas décadas.
Em setembro de 1999 as obras de recuperação da Ponte Metálica já estavam em ritmo acelerado. Em outubro do mesmo ano seria concretado o piso e em seguida executados os serviços de jateamento e pintura da estrutura da ponte.
Após o término das obras, na sua configuração preservada, a ponte tem 72 metros de extensão e 8 metros de altura. A nova pista de rolamento central passou a ter 3,2 metros de largura e está separada por muretas de concreto de duas passarelas para pedestres, com largura de 1,50 metros cada uma. Nas cabeceiras estão construídos acessos de concreto com 28 metros de extensão para cada margem, de Rio Negro e de Mafra-SC. A conclusão da reforma da ponte foi vista como uma grande conquista em tempos de restrições orçamentárias. O investimento total foi de R$ 600.000,00.
Atualmente a Ponte Metálica (denominada desde 24 de junho de 2000 como “Ponte Dr. Diniz Assis Henning”) recebe constantes manutenções preventivas realizadas pela prefeitura de Rio Negro, principalmente.
A histórica “Ponte Velha”, como também é conhecida, completará 126 anos de existência em 2022. Em 07 de novembro de 1895 a obra e a pedra fundamental da Ponte Metálica foram lançadas pelo então Governador Francisco Xavier da Silva. A ponte foi construída nos estaleiros da Compagnne Dyle et Baccalon, em Leuven, Bélgica. Levou apenas um ano para ser montada e entregue ao trânsito. Em 22 de novembro de 1896 ocorreu a inauguração.
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Eu era criança e passava todo mês nessa ponte com meu pai, morria de medo de cair pra dentro do rio pois faltava algumas madeiras no chão da ponte,quase minhas pernas curtas não conseguiam pular a distância do buraco….era assustador mesmo.
Eu nasci em 1972 em Rio Negro. Passei passo muitas vezes nessa ponte. Morria de medo . Mais e muito linda.
Passei também por essa ponte!!! Nasci em Rio Negro, e todos os anos passava férias com minha vó em Mafra. Ela tinha quase todos os parentes em Rio Negro!!! Todos conhecidos: Bornemann, Zimermann, Macanham, Souza, Custódio, Moreira, Costa, e milhares dê amigos!!!
Passei muito por esta ponte, quando lá no bairro do passo escutava quando os carros passavam sobre a ponte que na época era de madeira. Saudades
Excelente texto. Parabéns
Nasci em Rio Negro no ano de 1964, passeia várias vezes nessa belíssima ponte. Em1983, quando ocorreu a maior enche registrada em Rio Negro e Mafra, eu estava no exército (5 RCC), trabalhamos noite e dia para socorrer os moradores nas duas cidades.
Passei muito a pé pela ponte metálica nos anos de 1967 e 1968, morava em Rio Negro e estudava em Mafra, portanto todos os dias ia e voltava, depois que fui morar em outra cidade, passei muitos anos da minha vida sonhando com a ponte, na verdade pesadelos, pois sempre achava que ia cair da ponte pelos buracos na madeira do piso, mas também me lembro da beleza da ponte encoberta pela neblina que cobria a ponte no inverno. Sempre nas quartas-feira à noite ia no cinema em Mafra, nesses dias às mulheres não pagavam, então eu e minhas irmãs íamos ao Cine Emacite.