No dia 15 de agosto de 1942 os cargueiros brasileiros Baependy e Araraquara foram afundados nas costas do Brasil pelo submarino alemão U-507, vitimando aproximadamente 401 pessoas. Estes e outros ataques nos dias anteriores e seguintes acabariam por levar o Brasil à declaração de guerra. No dia 22 do mesmo mês, o presidente Getúlio Vargas respondia à pressão da população e dos americanos: o país entrava em “estado de beligerância” com a Alemanha Nazista e a Itália Fascista. Na prática, era uma declaração de guerra.
O 1º escalão da Força Expedicionária Brasileira chegou à Nápoles, na Itália, no dia 16 de julho de 1944, participando, agora na prática, da 2ª Guerra Mundial. Mas em 1942 o Brasil já vivia a guerra de fato. Após o afundamento dos navios brasileiros com um elevado número de mortos, ocorreram em várias cidades violentas manifestações populares contra imigrantes originários dos países do Eixo, especialmente alemães, japoneses e italianos. Em muitas cidades brasileiras ocorreram episódios de depredações de estabelecimentos comerciais pertencentes a imigrantes vindos de países que faziam parte do Eixo.
Após a entrada do Brasil na guerra, muitos imigrantes originários dos países do Eixo passaram a ser vigiados pelas autoridades brasileiras como parte dos conflitos envolvendo o “front interno” da guerra. O Brasil foi palco de intensa atividade de espionagem durante a guerra, e muitos imigrantes que não falavam português foram considerados suspeitos de espionagem.
Assim como ocorreu em todo o país, em Riomafra a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial motivou pessoas ufanistas ao extremo a colocarem em prática a intolerância e a xenofobia contra imigrantes originários dos países do Eixo ou seus descendentes. Na noite do dia 6 de setembro de 1942 o terror tomou conta da cidade de Rio Negro-PR e Mafra-SC. O livro História de Rio Negro relata que diversas residências e lojas foram depredadas nesta data. O motivo: pertenciam a cidadãos que tinham nomes de origem germânica, como Zornig, Müller, Ritzmann e Witt.
Leia na íntegra o trecho do livro:
Ficou marcado na história de Rio Negro o que aconteceu nas vésperas dos festejos comemorativos dos 120 anos da nossa Independência. Nessa noite de 6 de Setembro foram depredadas diversas residências e estabelecimentos comerciais pertencentes a cidadãos rionegresenses e mafrenses, só porque traziam eles nomes de origem germânica: Zornig, Müller, Ritzmann, Witt… Estando o Brasil em guerra contra as “Potências do Eixo” (2ª Guerra Mundial), o fato serviu de pretexto para o estravasamento de recalques de inveja, de valentias sem riscos, de patriotas sem perigos por parte de elementos que na sua maioria eram extranhos ao viver da comunidade, às tradições do lugar. Pacíficos e prestantes chefes de famílias sofreram danos e vexames imerecidos, sem a mínima dúvida. E (interessante de se notar) passada a guerra, terminada a hecatombe, Rio Negro teve a honra de ver figurar entre os heróis da “Força Expedicionária Brasileira”, mortos pela Pátria nos campos da Europa, um seu filho mui dileto. Esse rionegrense, que nos campos de batalha deu mostras do seu amor pelo Brasil, morrendo por ele, chamava-se Max Wolff – um nome tipicamente germânico. É a diferença que encontramos entre o que se chama patriotismo e o que se denomina “patriotada”. Rio Negro guardou na lembrança os acontecimentos de então e, comovido, com sensibilidade, deu o nome desse seu filho a uma das praças da cidade.
No Brasil em geral, os imigrantes alemães, principalmente, foram perseguidos e muitos acabaram sendo torturados. Famílias inteiras precisaram fugir e se refugiar em comunidades próprias, conhecidas como colônias e que até hoje mantêm a cultura germânica.
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(imagem ilustrativa)
Essa história que um submarino alemão afundou navios brasileiros aqui, não acredito. Na época a Alemanha estava guerreando com vários países , você acha que eles ainda veriam aqui provocar nas um? História mal contada.
Verdadeira a história.
https://www.google.com/amp/s/m.brasilescola.uol.com.br/amp/historiab/brasil-segunda-guerra.htm
Desconhecia essa história! Que triste nasci em 1944. Meu bisavô Inácio Kruppa, veio da Áustria, acredito que como imigrante. Chegou ao Brasil em em 1830 com toda família, esposa e filhos.Moraram em Rio Negro. Minha avô Maria Francisca Kruppa filha de Inácio casou-se com José Schimanski e moravam em Mafra. Meu Pai era Mafrense, pois nasceu em 1916.